Andei apavorada. Não consegui pensar em mais nada. E mais nada me vinha à cabeça se não a imagem do tumor renal. Desse tumor renal que apareceu a um familiar meu. Esse nome que me era tão conhecido como tantos outros lá pelo estágio como pela universidade. Esse nome que quando falavam não me dizia nada e era mais uma doença como todas as outras. Mas não foi o tumor que me preocupou, mas os avanços que já poderia ter. Não me preocupava que ele tivesse que tirar o rim, mas o que poderia vir a seguir, e a seguir… E tudo me deixou nervosa, sem energias, sem sorriso, sem paciência, sem coragem, sem alegria, sem determinação e com lágrimas nos olhos. Sem cabeça para mais nada e sempre a pesquisar tudo o que poderia vir a acontecer.
Abalou-me porque é meu familiar, meu tio, meu padrinho. Como poderia uma coisa destas estar a acontecer? Não fiz mais nada se não andar com ele e com esse mal dito tumor no pensamento… Como a nossa sorte pode mudar assim de um dia para o outro sem aviso? Como este mundo é feito de surpresas desagradáveis quando menos esperamos e quando tudo anda tão bem? Odiei o mundo. Odiei Deus. E tudo que me apareceu à frente...
Hoje sei que, pode ser um dos maiores sustos da minha vida. Um dos maiores sustos que a minha família passou. Hoje sei que afinal há esperança. Hoje sei que, há hipóteses de sobrevivência. Hoje sei, que pode não se ter alastrado como temia, e o tratamento é possível. Hoje sei que, temos que ter esperança. Hoje sei o quanto a minha família sofre com o sofrimento de um membro da mesma. Hoje sei a família que somos, e o tão unidos que somos. Hoje sei que, sem a minha família não sou ninguém. Preciso de ti, preciso de todos. Todos.
Hoje sei que, é preciso esperar e ter força para encarar os resultados. Hoje sei como a vida nos trama e consegue dar uma volta de 360º.
Hoje sei o que sofro com isso. E que ainda tenho para sofrer…
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